
Há uma corrente em direção contrária que começa a vislumbrar que a educação corporativa que serve para o bom funcionamento da máquina é uma distorção. Começam a enxergar os indivíduos como colaboradores de um projeto econômico que pode funcionar melhor e de forma mais arejada, abrangendo o todo e não o particular/funcional.
Ladislau Dowbor (1998 ) diz que a escola deve deixar o seu papel de lecionadora, para ser gestora do conhecimento. Segundo o autor, pela primeira vez a educação tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento. A educação tornou-se um pilar para o desenvolvimento, mas, para isso, não basta “modernizá-la”, como querem alguns. Será preciso transformá-la profundamente. E mais: frente as transformações tecnológicas que varrem o planeta, o mundo da educação permanece como anestesiado, cortado de boa parte do processo de pesquisa e desenvolvimento, hoje essencialmente concentrado nas empresas transnacionais e privado de uma visão mais ampla do desafio que tem de enfrentar.
Já não se trata, segundo o autor, de modernizar a educação, mas repensar a dinâmica do conhecimento no seu sentido mais amplo, e as novas funções do educador como mediador desse processo.
Essa visão coincide com a de Edgar Morin, surgida nos últimos anos que critica com veemência a razão produtivista e a racionalização moderna, propondo restaurar a totalidade do sujeito, valorizando a sua iniciativa e a sua criatividade, o micro, a complementariedade, a convergência e a complexidade. O enfoque tradicional banaliza essa dimensão da vida porque supervaloriza o macro-estrutural, o sistema, em que tudo é função ou efeito das superestruturas.
Seja qual for a perspectiva que a educação contemporânea tomar, uma educação voltada para o futuro será sempre uma educação contestadora, superadora dos limites impostos pelo Estado e pelo mercado, portanto, uma educação voltada mais para a transformação social do que para a transmissão de cultura.
O filósofo Morin escreve que o desenvolvimento engendra um conhecimento especializado que é incapaz de aprender os problemas multidimensionais. A educação disciplinar do mundo desenvolvido traz conhecimento, sim, mas gera uma incapacidade intelectual de reconhecer os problemas fundamentais e globais. Sua racionalidade quantificadora é irracional . O desenvolvimento ignora que o crescimento técnico-econômico produz subdesenvolvimento moral e psíquico: compartimentalização em todas as áreas, o hiper individualismo e o espírito do lucro geram a perda da solidariedade.
Jacques Delors (1998), no livro "Educação: um tesouro a descobrir", aponta como principal consequência da sociedade do conhecimento a necessidade da aprendizagem ao longo da vida fundada em quatro fundamentos, que são ao mesmo tempo pilares do conhecimento e da formação continuada:
Aprender a conhecer, Aprender a fazer, Aprender a viver juntos e Aprender a ser.
*foto Edgar Morin